Pular para o conteúdo principal

Destaques

O que é mais rápido? Subir ou descer?

Suponha que uma bola de massa $m$ seja lançada verticalmente para cima. Se desconsiderássemos a resistência do ar, teríamos que o tempo de subida seria exatamente igual ao tempo de descida, como já bem sabemos dos estudos básicos de cinemática do ensino médio. Mas e se a resistência for levada em conta, isso muda? Faça sua aposta!  Se considerarmos que a resistência do ar possa ser modelada como um fator proporcional à velocidade, ou seja, a força de resistência do ar seja de $f_v = -bv $, então podemos escrever a equação diferencial de acordo com a lei de Newton, da seguinte forma:  $$ m\frac{dv}{dt} = -mg-bv $$  Perceba que essa mesma equação é válida para o movimento de subida e descida. A fim de determinarmos a velocidade, que é a função que precisamos descobrir dada a equação diferencial anterior, resolvemos a equação diferencial  $$ \frac{dv}{dt} +\frac{b}{m}v = -g $$  A solução dessa equação é dada pela soma de duas soluções: a particular e a homogênea. A Homogê

Câncer e Matemática?

O câncer é uma das causas que mais têm levado entes queridos embora. A doença tem atingido milhões de pessoas nos últimos tempos, em taxas cada vez maiores. Mas o que tem haver o câncer com a matemática? 
A verdade é que pesquisadores utilizam modelos matemáticos para estudo de tumores. Uma visualização possível de tumores é descrita pela equação $ \rho = 1 + \frac{1}{5}\sin{\left(m\theta\right)}\sin{\left(n\phi\right)} $. Essa equação descreve uma família de superfícies chamadas de "esferas rugosas". Abaixo é possível ver uma figura plotada utilizando uma ferramenta gráfica computacional para os valores $m=6$ e $n=5$. 


As cores não representam nada em particular, e são apenas um mapa de cor utilizado pelo programa dependendo dos valores resultantes da função. Bem interessante, não? 
Outra abordagem ultilizando matemática é a equação de Gompertz, que tem sido utilizada para descrever e modelar matematicamente o crescimento/evolução de células tumorais. Seja $V(t)$ o volume do tumor no tempo $t$, a equação de Gompertz é 
$$ \frac{dV(t)}{dt}=\lambda e^{-\alpha t} V(t) $$ 
Em termos mais linguísticos, a equação de Gompertz propõe que a taxa de crescimento de uma célula tumoral é proporcional a uma exponencial no tempo. Aqui, $\lambda$ e $\alpha$ são constantes adequadas ao estudo. Podemos resolver essa equação diferencial de forma simples. Separando as variáveis, temos 
$$ \frac{dV}{V} = \lambda e^{-\alpha t} dt $$ 
Integrando os dois lados da última equação, obtemos 
$$ \int{\frac{dV}{V}} = \int{\lambda e^{-\alpha t} dt} $$
Reorganizando os termos, resulta em 
$$ \int{\frac{dV}{V}} = \lambda \int{e^{-\alpha t} dt} $$ 
Como resultado da integração temos: 
$$ \ln{|V|} = -\lambda \frac{e^{-\alpha t }}{\alpha} + C $$ 
onde C é uma constante, resultante do processo de integração. Isolando a variável de interesse, ou seja, o volume como função do tempo, e assumindo somente valores positivos, resulta em 
$$ V(t) = \exp{ \left(-\lambda \frac{e^{-\alpha t }}{\alpha} + C \right)} = \exp{\left(-\lambda \frac{e^{-\alpha t }}{\alpha}\right)} \exp{\left(C\right)}$$ 
Podemos fazer $ e^C $ uma nova constante $ C_2 $ sem perda de generalidade, e dessa forma, ficamos com:
$$ V(t)=C_2\exp{\left(-\lambda \frac{e^{-\alpha t }}{\alpha}\right)} $$ 
Considerando que no início, o volume da célula tumoral é $ V_o $, temos a condição inicial $ V(0) = V_o $. Então, para resolvermos esse problema de valor inicial, temos 
$$ V_o = C_2\exp{\left(-\lambda \frac{1}{\alpha}\right)} $$ 
Podemos, então, finalmente determinar a constante $C_2$, como sendo $ C_2 = V_o \exp{\left(\frac{\lambda}{\alpha}\right)} $. Dessa forma, uma solução da equação de Gompertz, considerando o problema de valor inicial, é então 
$$ V(t) = V_o \exp{\left[\frac{\lambda}{\alpha}\left(1-e^{-\alpha t} \right)\right]} $$ 
Esse modelo de crescimento leva em conta o fato de que quando o oxigênio e os nutrientes estão escassos no núcleo do tumor, então sua expansão é prejudicada. O valor final do volume do tumor pode ser encontrado como sendo o limite 
$$ \lim_{t\rightarrow \infty}{V(t)} = \lim_{t\rightarrow \infty}{V_o \exp{\left[\frac{\lambda}{\alpha}\left(1-e^{-\alpha t} \right)\right]}} $$ 
Dessa forma, podemos dizer que quando o tempo se torna grande, infelizmente o tumor consome os recursos de vida do hospedeiro, e tende a se estagnar no tamanho final, sendo este $ V(t\rightarrow \infty) = V_o \exp{\left(\frac{\lambda}{\alpha}\right)} $. A figura abaixo mostra essa função para um tumor específico em ratos, com $ \lambda = 2.5$ dias, $\alpha = 0.1$ dias e $V_o = 25mm^3 $.


É possível ver na figura acima que nos primeiros momentos, o crescimento do tumor é mais lento, até que alcança um crescimento praticamente linear mas bastante agressivo. Após uma certa quantidade de tempo (cerca de 70 dias para o caso desse rato), o tumor tem seus recursos reduzidos e seu volume começa a ficar estagnado. 
Essa curva mostra a importância de se tomar cuidados quando o assunto é a saúde. É de extrema relevância que sempre estejamos em dia com o nosso bem-estar e com nosso corpo, já que além da matemática comprovar isso, experiências vividas por muitos confirmam quão destrutivas podem ser essas células representadas aqui. 

Comentários

Postagens mais visitadas